Por Douglas Braga
A figura de Jesus Cristo já foi retratada dezenas de vezes no cinema, na grande
maioria das vezes em filmes religiosos, que não primavam por uma grande
qualidade técnica e/ou artítica. Mas, em 1970, em meio aos movimentos sociais
que explodiram no período, uma nova versão sobre os últimos dias da vida de
Jesus chegou à Broadway, intitulada "Jesus Cristo Superstar". Três anos depois,
a peça foi levada para o cinema, com a direção de Norman Jewison (o mesmo do
belíssimo "Um Violinista no Telhado").
A trama, de forma geral, já é
conhecida por todos, já que narra os últimos acontecimentos da vida de Jesus
Cristo, passando por momentos como a traição de Judas, o julgamento perante
Pilatos e a crucificação. O grande diferencial aqui é a utilização de elementos
contemporâneos para contar essa história: os hippies estão sempre presentes em
cena; temos dinheiro em notas, armas, um Judas negro, uma Maria Madalena com
traços orinetais e até um rei Herodes homossexual!
Todos esses elementos
estão muito bem inseridos no filme. Sem dúvida, uma pessoa muito religiosa deve
"torcer o nariz" praticamente durante toda a história. Há toda uma preocupação
por parte do roteiro (escrito por Tim Rice, Norman Jewinson e Melvyn Bragg) em
humanizar determinados personagens, destacadamente Jesus e Judas. O primeiro é
constantemente retratado como um ser humano comum, assim como Judas, cujas ações
(erradas, sem dúvidas) parecem muito coerentes com sua visão de mundo. Os únicos
que aparecem efetivamente como vilões são Anás e Caifás, apresentados com um
figurino preto e como personagens maliciosos e interesseiros.
Esse
roteiro foi muito bem trabalhado pela direção de Norman Jewison. O filme foi
todo realizado nas ruínas de Jerusalém, o que combina de forma perfeita com o
tom provocativo da trama. Além disso, todo elenco (nem todos são oriundos do
teatro) se sai muito bem, e conseguem transmitir a humanidade exigida pelo
roteiro de todos os personagens (Jesus, Judas, Maria Madalena, Pedro, Pilatos, e
vários outros).
Mas um fator que pode incomodar a muitos é a questão de
que o filme inteiro é cantado! Praticamente, não há uma única fala que não seja
intepretada dentro de uma canção. De fato, para quem não gosta muito de
musicais, isso pode atrapalhar, e tornar o filme muito cansativo. Porém, aí
entra o fato de que todas as músicas foram compostas por Andrew Lloyd Webber, o
mesmo que fez as as canções de "O Fantasma da Ópera" (que foram destruídas no
filme horroroso de Joel Schumacher).
A cena da Última Ceia,
particularmente é interessantíssima. Jewison a constrói lembrando uma espécie de
piquenique (!), e em determinado momento todos os apóstolos "congelam" nas
posições imortalizadas no quadro de Da Vinci. Além disso, a própria canção "The
Last Supper" é belíssima. Mas a música mais interessante é "Could We Start Again
Please", tanto em termos de melodia quanto de letra; ela é interpretada por
Maria Madalena e Pedro no alto de um morro, em uma cena de fotografia
espetacular, e grande carga dramática. Na parte cômica (sim, ela existe no
filme!), fica a sequência do afetado rei Herodes, cuja corte é toda formada por
transformistas (!!).
Assim, "Jesus Cristo Superstar" apresenta uma
inovadora e , sem dúvidas, provocativa versão sobre a figura de Cristo, bem de
acordo com a época em que foi produzido, (memso período em que musicais de cunho
semelhante, como "Hair" e "The Rocky Horror Picture Show" foram lançados). Para
quem se interessar por uma nova maneira de entender Jesus, é altamente
recomendável.
FONTE:http://www.cineplayers.com/comentario.php?id=25703







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