segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Trilhos

Incertos. Tortuosos, porem úteis. Ligam lugares. Aproximam coisas e pessoas.
Assim são os trilhos dos trens!

Sempre quis correr sobre os trilhos e alcançar o pote de ouro que pousa sobre o fim do arco-íris.
Enchi uma mochila com vitalidade, juventude e Beatles.
E sobre a corda bamba me equilibrei até a próxima parada.
Uma cidade de vida real. Jovens alcoólatras fumando cigarros baratos.
Fumaça toxica.
Eles ouviam um rock “alternativo”. Lembro-me de quando o rock era a única alternativa.
Hoje, dentro do velho pai rock, rasgaram uma vertente que serve como alternativa.
Alternativa pra que?
Mães solteiras exibiam seus filhos sem face.
Pai pra que?
Emprego pra que?
Vivemos pelo nosso corpo! Geração academia.
Carros, Luzes, álcool, cocaína... ressaca, poucas mortes sobre alguma justiça.
Nada agradável para uma primeira parada.
“De volta aos trilhos” gritei para que meu cérebro ouvisse.
E temeroso por uma próxima parada vaguei linearmente sobre as valas que formavam os trilhos.
A vegetação ao redor mudou. “Caaaatinga da peste!”
Saltei.
Um senhor magérrimo defecava, atrás de uma moita como se isso fosse comum.
Então observei, que descera em algo tipo um sanitários gigante,
Pois milhões de pessoas levantavam-se de trás de moitas
E voltavam para o cultivo...
Muito estranho. Eles cultivavam terra seca.
Por faltar água cuspiam no chão e manipulavam um projétil de barro.
Manipulavam-no com as mãos até que se tornasse terra seca e rachada.
Tentei gritar... pediria que parassem com aquilo. Que terra seca não havia serventia.
Então avistei um cartaz que dizia:
“Direito a voz só nas próximas eleições”
Um povo fadado a mudez.
Temi por minha vida. Por probabilidade de orar.
Voltei aos trilhos, não mais com a vontade de alcançar o fim.
Mas sim com o intuito de nunca mais sair da redoma que criaram e me destinaram como lar.
De volta para casa, antes que eu me torne mais um dentre os brasilianos.
Breno Callegari Freitas

Nenhum comentário:

Postar um comentário