domingo, 5 de agosto de 2012

POLIPORTUGUÊS


Portuguesas! Portugueses!
E mais reses.
Ou para outras quaisquer hipóteses.
Digo do fundo do meu coração.
Em mentirosa oração.
Não estou aqui para enganar ninguém.
Mas sim! Para tratar do que me convém!
E a tanto! Digo e repito!
Do alto do meu político púlpito.
O que eu disse! Não foi o que compreenderam.
Eu disse! O que não entenderam.
O que eu disse! Não foi o que eu cria que entendessem.
Eu disse! O que queria que não compreendessem.
Até porque, a confusão! É que me dá o sustento..
E só para tanto eu tenho talento.
E como falo em poliportuguês. Falo para não ser entendido.
Para poder mudar de casaca, quando me vir arrependido.
Cansado da cor do meu partido.
Em fim! Disse-se? O que disse-se! Até podia ter ficar calado.
Ou será que disse alguma coisa? Já estou a ficar ralado.
Mas como não estou cá nessa condição.
Não respondo a essa inquirição.
Hoje, só falo, ao alargar de outro tacho.
Será que sou um democrata facho?
Pelo menos, ocupo vários cargos.
Mas todos sem pessoais responsáveis encargos!
Mas todos pagos chorudamente.
Porque eu, não sou do povo. Sou administrativa gente.
E com quatro larachas, logo sou reformado de forma vitalícia.
Como este povo é calado. E autoriza esta política malícia.
Ao comer desta política delícia
Lá vou eu a mais um comício ajantarado.
E como me engasguei com as lagostas falo irado.
Nesta terra dos subentendidos.
Por todo o lado há ditos perdidos.
E uma infinidade de incompreendidos.
Acusações de mal entendidos.
Por desculpas esfarrapadas
Às ditas trapalhadas.
Em discurso verberadas
Na eloquência do estadista.
Que em políportuguês malabarista.
Faz do português, uma língua incompreendida.
E de Camões, uma odisseia perdida.
No actual políportuguês falado.
Para o político estrelado.
Que logo divide o mesmo falatório.
Consoante o seu político repertório.
E no interesse do seu partido.
Logo lhe dá o seu interesseiro sentido.
Actualmente nesta infecunda verborreia.
De intelectual ou interesseira diarreia.
Assassina-se a eloquência.
Envergonha-se a portuguesa decência.
No disse? Que não disse!
Ou talvez disse-se? Ou omitisse?
Mas mesmo que tivesse dito.
Há tanto dito que é desdito.
Como não vi. Não acredito.
E porque o que digo não oiço
Ao meu tacho o poliportugês baloiço.
Ao compasso do actual politicamente desbaratar.
E a Nação maltratar.
Nesta política penúria cala-se a Lusa facúndia
Que antanho era compreendida desde o continente à Índia.
Eduardo Dinis Henriques

Nenhum comentário:

Postar um comentário