domingo, 1 de julho de 2012

Vida


Aparecida na terra.
Em corpo nascida.
Escrava ou mandante da terrena guerra.
Será que ao universo é merecida?
Enquanto vida, que o tempo dará perdida.
No percorrer de existenciais caminhos e atalhos.
Vida! Por quem foste urdida?
Trabalhada tal manta de coloridos retalhos.
Por ilhas e continentes espalhada.
E ao passado espelhada.
Numa qualquer Imagem.
Que sem passaporte de origem, segue a sua viagem.
Largada neste circular tabuleiro.
A servir a morte.
Até ao ultimo passo em direcção do faroleiro.
Que desde a nascença nos guia a seu norte.
Por entre um sem fim de encruzilhadas.
Subidas e descidas entre vales e montes.
No continuar de outros pegadas.
Sempre em demanda de melhores fontes.
Com uns, a viverem no paraíso. E outros, mil trabalhos.
Uns, até já nascem sem vida.
Neste tecer de retalhos, ainda sem viventes agasalhos.
Nem benfazeja pegada, há vida percorrida.
Outros, tarde morrem.
E alguns, até mais que um século percorrem.
Vida de infindas existências.
Sempre a deixarem as pegadas de suas vivências.
Corpo, animo e crescimento.
A universal movimento.
Energia! Escondida e vestida.
Por áurea encoberta.
A quem és convertida?
Nesta vida incerta.
Que leva a mulher a pintar os lábios.
E os homens, a fortalecer os músculos.
Uns a quererem ser sábios.
Enquanto outros, restam corpos nulos.
Pegadas sem rastos.
Passos há vida gastos.
Mas todos, corpos, a caminhar para morte certa.
Mesmo que a vida, tenha sido sentida e bendita.
Forte e desperta!
Ou sem rumo, perdida por força maldita.
Todos os corpos, como os trapos, findarão.
Mas alguns trapos, ainda darão mantas de agasalho.
Os corpos! Esses, com o tempo somente cinzas darão!
Em pó findaram, depois de tanto trabalho.
De tanta maquilhagem feita à mentira ou à verdade.
À escravização ou à liberdade.
Pó que o tempo verterá
E em nova vida converterá.
E nele as pegadas,
Serão sempre ao tear as balizagens.
Das novas engrenagens.
Que teceram no tempo o caminho que nos levará à morte.
Ou a melhor sorte..
Mas uma coisa é certa e concreta.
O faroleiro da morte, continuará com a luz desperta.
E a tanto, lá se vai o verniz, e a adelgaçante dieta.
Assim como, a nunca farta pança.
Mas das pegadas, sempre restará alguma obra feita.
Deixada como herança.
Espólio que a morte não transporta.
Mas o corpo há vida suporta.
Seja obra danosa ou benéfica.
Por mais ganancioso que o ser seja, por cá fica.
A outros corpos, que em paz, ou em guerra.
Findarão também no pó da terra.
A suportar o tear de nova tecelagem.
No continuar das pegadas a universal miragem.
Entre tanto retalho e poeira, a que vem tanto esbracejar?
Tanta mão armada
A pelejar.
Se a energia, simplesmente, quer ser amada.
E ao todo, em vivido colorido desnudar-se.
E por entre retalhos de coloridos sem fronteiras, caminhar.
Há vida , mostrar-se.
E de braços estendidos o todo acarinhar.
Eduardo Dinis Henriques


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