quarta-feira, 18 de julho de 2012

Cálice (canção)


"Cálice" é uma canção escrita e originalmente interpretada pelos cantores brasileiros Chico Buarque e Gilberto Gil em 1973. Na canção percebe-se um elaborado jogo de palavras para despistar a censura da ditadura militar. A palavra-título, por exemplo, é cantado pelo coral que acompanha o cantor de forma a soar como um raivoso "Cale-se!". A canção teve sua execução proibida durante anos no Brasil. Em uma outra versão, gravada no álbum Chico Buarque (1978)Milton Nascimento canta os versos de Gil. A cantora Pitty regravou essa canção em 2010, numa versão rock 'n roll.

[editar]História

"Cálice" foi composta para o show Phono 73, que a gravadora Phonogram (ex-Philips, e depois Polygram) organizou no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo, em maio de 1973.[1] O evento reuniria em duplas os maiores nomes de seu elenco, onde deveria ter sido cantada por Gil e Chico.[2] Gil havia composto o refrão "Pai, afasta de mim este cálice / de vinho tinto de sangue", uma óbvia alusão à agonia de Jesus Cristo no Calvário, tendo a ambiguidade (cálice / cale-se) sido imediatamente percebida por Chico.[2] Gil havia composto ainda a primeira estrofe da canção.[2] A partir de dois encontros com Chico, compôs a melodia e as demais estrofes, quatro no total, sendo a primeira e a terceira de Gil e a segunda e a quarta de Chico.[2]
No dia do show, quando os dois começaram a cantar "Cálice" tiveram os microfones desligados.[2] De acordo com Gil, a canção havia sido apresentada à censura e eles foram recomendados a não cantá-la.[2] Os dois haviam decidido, então, cantar apenas a melodia da canção, pontuando-a com a palavra "cálice", mas isto também não foi possível.[1] Segundo o relato do Jornal da Tarde, a Phonogram resolveu cortar o som dos microfones, para evitar que a música, mesmo sem a letra, fosse apresentada.[1] Irritado, Chico tentou os microfones mais próximos, que também foram cortados em seguida.[2]
A canção foi eventualmente liberada cinco anos depois, tendo sido lançada em Chico Buarque (1978) ao lado de "Apesar de Você" e "Tanto Mar", outras canções censuradas pelo regime.[2] À época, Chico declarou que aquele não era o tipo de canção que estava compondo (estava trabalhando no repertório de Ópera do Malandro), mas que elas deveriam ser registradas, pois a liberação tardia não pagava o prejuízo da proibição.[2] Na gravação, as estrofes de Gil, que estava trocando a PolyGram pela WEA, foram interpretadas por Milton Nascimento, fazendo coro com o MPB4, em dramático arranjo de Magro.[2]

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